segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

UMA MESA DA COMUNHÃO É POSSÍVEL

Esta semana estive lendo Rubem Amorese, mais precisamente o livro “Icabode – da mente de Cristo à consciência moderna”. Nesse livro ela faz uma análise profunda sobre como a consciência cristã tem sido abalada pelas influências da pós-modernidade (caso o termo seja possível). Em determinado momento do livro ele começa a falar sobre a configuração e construção da noção de comunidade na pós-modernidade.

Ele faz todo um passeio pela questão fazendo-nos notar que os nossos relacionamentos hoje passam por três grandes pilares, que para o autor constitui-se como o tripé da modernidade: a PLURALIZAÇÃO, PRIVATIZAÇÃO e SECULARIZAÇÃO. O presente ensaio não me permite um aprofundamento dos termos, até porque já denominei o meu escrito de ensaio e este gênero textual, de caráter curto, não me permite mais delongas.

Basicamente, pluralização diz respeito à “uma possibilidade de escolha muito intensa”, sei que pluralidade de escolha sempre existiu, mas o autor aponta que hoje as opções são tão intensas que nos criou uma “consciência de eleição”: um processo inconsciente pelo qual entendemos que sempre podemos escolher, eleger, manifestar preferência, como se passássemos a viver numa sociedade-supermecado, repleta de variedades. Opção é a palavra chave. Essa consciência de eleição é tão forte no homem moderno, que ele se torna revoltado com a simples falta de alternativas. Com isso a modernidade passa a se opor de forma veemente aos absolutos, as afirmações categóricas, aos axiomas e coisas parecidas. Agora tudo é muito relativo e isso cria o segundo pé do tripé da pós-modernidade, a PRIVATIZAÇÃO. Nesta o que vale é o “ego”, personificado no famoso “dá licença”. Quem nunca se deparou com alguém que, na impossibilidade de defender seu posicionamento diz-nos: “- dá licença!”.

Geralmente esses são os que se colocam contra a moral e a ética: “- sou a favor do casamento gay, aborto e adultério, dá licença!”. Geralmente, essas pessoas têm a tal da privacidade, mas a essas falta a intimidade. E pra fechar o tripé defendido por Amorese, ele nos fala sobre a SECULARIZAÇÃO, que é a capacidade que temos de viver como se fossemos deste mundo, ou seja, somos moldados como cidadãos do mundo e conseqüentemente começamos a introjetar em nossas personalidades características bem mundanas, como a diversidade amorosa, honestidade débil, ética comprometida e por aí a fora...

Mas o autor nos mostra uma outra possibilidade possível, uma possibilidade na qual nos vejo enquanto célula de jovens cristãos que querem a todo custo agradar a Deus e alcançar outras pessoas com a salvação de Jesus, é a possibilidade do tripé da comunhão: CONSTÂNCIA, PERMANÊNCIA E FIDELIDADE.

Esse é o tripé que fundamenta e possibilita uma questão vital para a nossa Sobrevivência Espiritual, é o aprofundamento de nossos relacionamentos. Nós precisamos, pessoal, precisamos aprofundar os nossos relacionamentos, precisamos estar juntos a mesa da comunhão. Essa metáfora da mesa me parece um tanto quanto pertinente, pois foi a mesa que Jesus esteve com as pessoas em comunhão, leia Lucas 15, Jesus recebia em sua casa e mesa os mais vis e deprimentes publicanos e pecadores.

Desde Lucas 13 existe uma certa preocupação dos fariseus com relação a essa questão do banquete messiânico. Há, nitidamente, uma idéia de identificação, de estar à vontade, de comprometimento, de cumplicidade no rito de estar à mesa. É do comer junto que vem a expressão “companheiro” – ‘cum panis’, aquele que come pão junto.

Então, pessoal, comamos pães juntos o máximo de vezes possível, pois somente assim venceremos os tentáculos da pós-modernidade e seremos mais constantes, fiéis e permanentes em nossos relacionamentos com DEUS e com o próximo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Diz aí... o que pensas?