sábado, 29 de março de 2008

Solidão docente

A pós-modernidade tende a transformar a solidão no grande mal-do-século, solidão gera tristeza, depressão, angústia e por conseguinte, doenças psicológicas, traumas e maus quase irreversíveis.

Mas nada disso é verdade na sua essência! Tudo depende da qualidade da solidão...

Solidão é preciso, viver não é preciso, ou melhor, para viver é preciso um pouco de solidão. Nossos poetas românticos provam isso, mais precisamente a segunda geração.

Se não fosse a solidão, como Álvares de Azevedo escreveria “Lira dos vinte anos”, como teríamos as poesias simbolistas de Cruz e Sousa se o poeta não se entregasse à solidão da noite como ele mesmo nos testemunha no poema ‘violões que choram’: “Noites de solidão, noites remotas / Que azuis da Fantasia bordo / Vou constelando de visões ignotas”.

Um leitor mais afoito pode ponderar: esses aí morreram na solidão! Sim. Pode até ser verdade, mas não morreram “de solidão”. Porque a boa solidão não mata, faz viver! Nossos poetas morreram por mil motivos, mas nenhum diz respeito à solidão.

Vejamos Fernando Pessoa, que na solidão foi gênio, mas no álcool teve seu fim.

A docência da solidão reside no fato de que com ela aprendemos a nos escutar, aprendemos a falar com o nosso ser interior, é na solidão que nos ouvimos.

É na solidão que aprendemos a grandeza de Deus, a miudeza do homem, as futilidades da vida e o principal: é na solidão que aprendemos o quanto precisamos do outro e o quanto é difícil seguir sozinho no caminho da existência humana.

Foi na solidão do getsêmani que Jesus aprendeu o quanto era preciso ele morrer por nós para que hoje pudéssemos fazer da solidão uma professora e não mais um inimigo.

2 comentários:

  1. Agradeço a visita e a mensagem deixada no blog.
    Ao visitá-lo, este texto chamou minha atenção. Gostei muito e venho parabenizá-lo pela escrita.
    Temos que transformar a solidão em algo produtivo assim como o ócio é necessário e excita a criatividade humana.
    Leia "O ócio criativo" de Domenico de Masi, é esplendoroso.
    Relaciono "solidão" com "ócio" porque gosto de ficar sozinha pra não fazer nada...
    Abraços
    ProfªRejane

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  2. Um pelo binômio querida professora Rejane

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