domingo, 1 de junho de 2014

TUDO AQUILO QUE NÃO ESCREVI... OU ESCREVI...


Queria ter escrito os versos: "E eu ainda sou bem moço pra tanta tristeza, e deixemos de coisa, cuidemos da vida, pois se não chega a morte ou coisa parecida e nos arrasta moço sem ter visto a vida"

Queria ter escrito que "Há tempos o encanto está ausente e há ferrugem nos sorrisos, e só o acaso estende os braços
a quem procura abrigo e proteção"

Queria ter escrito que "Quero não ferir meu semelhante, nem por isso quero me ferir."

Queria ter escrito que "o mundo da linguagem sem o mundo prática é um mundo vazio".

Queria ter escrito "Como encontrar
a chave desse teu riso sério?".

Queria ter escrito que "Todo mundo queria
Não ser assim tão só
Ter alguém ao seu lado
Seria bem melhor
Pra poder seguir"

Queria ter escrito "Como pode ser, gostar de alguém
e esse tal alguém não ser seu".

Queria ter escrito que "Sábios em vão
tentarão decifrar 
o eco de antigas palavras
fragmentos de cartas, poemas
mentiras, retratos
vestígios de estranha civilização."

Queria ter escrito "Pra ser sincero, meu remédio é te amar, te amar
não pense, por favor
que eu não sei dizer
que é amor tudo o que eu sinto longe de você."

Queria ter escrito "Liberdade!, Liberdade!
Abre as asas sobre nós
E que a voz da igualdade
Seja sempre a nossa voz."


Queria ter escrito que "Apesar de você
Amanhã há de ser
Outro dia".

Queria ter escrito que "E um dia, afinal
Tinham direito a uma
alegria fugaz
Uma ofegante epidemia
Que se chamava carnaval
O carnaval, o carnaval".

Queria ter a ousadia do Chico em Chamar Deus para ver o Carnaval: "Meu Deus, vem olhar
Vem ver de perto uma
cidade a cantar
A evolução da liberdade
Até o dia clarear".


Mas não sem antes lembrá-lo que "Seus filhos
Erravam cegos pelo
continente
Levavam pedras feito
penitentes
Erguendo estranhas
catedrais" e que por isso "um dia, afinal
Tinham direito a uma
alegria fugaz
Uma ofegante epidemia
Que se chamava carnaval
O carnaval, o carnaval".

Queria ter escrito que "Voltávamos a ser então o tal casal,
apaixonado, apaixonado". 

Queria ter escrito que "Gostei de ser de quem me gosta".

Queria ter escrito que "Eu sei que o amor é bom demais, 
Mas dói demais sentir (ou sem ti)."

Queria ter escrito que "ou eu encanto a vida
ou desencanto a morte..."

Eu queria ter escrito "que eu apenas queria que você soubesse que aquela alegria ainda está comigo e que a minha ternura não ficou na estrada, não ficou no tempo presa na poeira". 

Pronto! Mais um belo texto de minha autoria publicado! Não te atrevas a dizer que é cópia, pois Fernando Pessoa me autoriza o fingimento poético e agora finjo que todos os versos acima são meus... tá tudo lá na portaria "Psicografia" de Fernando Pessoa.

 












Um comentário:

  1. "E eu ainda sou bem moço pra tanta tristeza, e deixemos de coisa, cuidemos da vida, pois se não chega a morte ou coisa parecida e nos arrasta moço sem ter visto a vida"
    Quando leio está parte do texto só me lembro da pessoa mais importante que passou na minha vida.Meu pai querido...te amo pai imensuravelmente....
    e várias outras partes do texto que me fazem recordar tempos bons da minha vida.....
    sabe, eu sonhei com você foi um sonho tão bonitinho .....

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