terça-feira, 17 de junho de 2014

PREFIRO A ESCURIDÃO À CLARIDADE

Bom é estar no escuro, trevas total
Nada de maligno, nada de diabos e coisas do além...
A escuridão é boa porque não é clara...
Não tem a pretensa pretensão da claridade... sempre bonitinha, perfeita...

Estar em trevas nos deixa ansiosos, atentos, em alerta, espertos...
Nos oferece o medo positivo...
Nos faz pensar com pressa...
Nos faz estar em posição de combate...
Criamos olhos atrás... criamos olhos no lado... e os da frente nunca fecham...

Nas trevas há criatividade de sobreviver...
Nas trevas há criatividade de escrever coisas tristes... tudo sem "era uma vez"
Não há como falar da dor na claridade... dor é de verdade nas trevas...
Na luz não há crescimento... há estagnação... ficamos inertes olhando o nada... admirando a beleza clara e sem graça...

Nas trevas, na escuridão estão sempre em busca... estamos sempre procurando... na escuridão não existe imobilidade...
Na escuridão surgiu a poesia romântica...
Das grandes guerras surgiu o melhor filme... surgiu a melhor música... não foi da claridade...
Daí eu preferir a escuridão à claridade...

domingo, 1 de junho de 2014

TUDO AQUILO QUE NÃO ESCREVI... OU ESCREVI...


Queria ter escrito os versos: "E eu ainda sou bem moço pra tanta tristeza, e deixemos de coisa, cuidemos da vida, pois se não chega a morte ou coisa parecida e nos arrasta moço sem ter visto a vida"

Queria ter escrito que "Há tempos o encanto está ausente e há ferrugem nos sorrisos, e só o acaso estende os braços
a quem procura abrigo e proteção"

Queria ter escrito que "Quero não ferir meu semelhante, nem por isso quero me ferir."

Queria ter escrito que "o mundo da linguagem sem o mundo prática é um mundo vazio".

Queria ter escrito "Como encontrar
a chave desse teu riso sério?".

Queria ter escrito que "Todo mundo queria
Não ser assim tão só
Ter alguém ao seu lado
Seria bem melhor
Pra poder seguir"

Queria ter escrito "Como pode ser, gostar de alguém
e esse tal alguém não ser seu".

Queria ter escrito que "Sábios em vão
tentarão decifrar 
o eco de antigas palavras
fragmentos de cartas, poemas
mentiras, retratos
vestígios de estranha civilização."

Queria ter escrito "Pra ser sincero, meu remédio é te amar, te amar
não pense, por favor
que eu não sei dizer
que é amor tudo o que eu sinto longe de você."

Queria ter escrito "Liberdade!, Liberdade!
Abre as asas sobre nós
E que a voz da igualdade
Seja sempre a nossa voz."


Queria ter escrito que "Apesar de você
Amanhã há de ser
Outro dia".

Queria ter escrito que "E um dia, afinal
Tinham direito a uma
alegria fugaz
Uma ofegante epidemia
Que se chamava carnaval
O carnaval, o carnaval".

Queria ter a ousadia do Chico em Chamar Deus para ver o Carnaval: "Meu Deus, vem olhar
Vem ver de perto uma
cidade a cantar
A evolução da liberdade
Até o dia clarear".


Mas não sem antes lembrá-lo que "Seus filhos
Erravam cegos pelo
continente
Levavam pedras feito
penitentes
Erguendo estranhas
catedrais" e que por isso "um dia, afinal
Tinham direito a uma
alegria fugaz
Uma ofegante epidemia
Que se chamava carnaval
O carnaval, o carnaval".

Queria ter escrito que "Voltávamos a ser então o tal casal,
apaixonado, apaixonado". 

Queria ter escrito que "Gostei de ser de quem me gosta".

Queria ter escrito que "Eu sei que o amor é bom demais, 
Mas dói demais sentir (ou sem ti)."

Queria ter escrito que "ou eu encanto a vida
ou desencanto a morte..."

Eu queria ter escrito "que eu apenas queria que você soubesse que aquela alegria ainda está comigo e que a minha ternura não ficou na estrada, não ficou no tempo presa na poeira". 

Pronto! Mais um belo texto de minha autoria publicado! Não te atrevas a dizer que é cópia, pois Fernando Pessoa me autoriza o fingimento poético e agora finjo que todos os versos acima são meus... tá tudo lá na portaria "Psicografia" de Fernando Pessoa.